O que é a síndrome dos ovários policísticos?
- Dra. Bárbara Costa
- 26 de fev.
- 3 min de leitura

A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma doença endócrino ginecológica complexa. Apesar do nome, ela não é uma doença restrita aos ovários e provoca mudanças em diversos sistemas do nosso corpo.
A SOP é a endocrinopatia mais comum em mulheres em idade reprodutiva. Sua prevalência varia de 6 a 20% dependendo da população estudada. Ela foi descrita pela primeira vez em 1935 por Stein-Leventhal e era definida como uma doença que provocava ausência de menstruação e ovários de aspecto polimicrocísticos.
Ao longo dos anos, vários estudos procuraram entender as causas da SOP, o seu diagnóstico e as repercussões nas mulheres portadoras.
Qual a causa?
A causa da SOP ainda não foi definida. Sabe-se que existem vários fatores envolvidos no surgimento da doença, são eles:
· Genéticos: filhas de mulheres que têm SOP, apresentam maior risco de desenvolver a doença.
· Hormonais 1: mulheres com SOP apresentam alterações hormonais desde a vida intrauterina com um ambiente ovariano que favorece a produção de testosterona em relação ao estrogênio e progesterona.
· Hormonais 2: a resistência à insulina também faz parte da SOP. A elevação dos níveis de insulina no sangue favorece a produção de testosterona nos ovários e o acúmulo de tecido adiposo que pode levar à obesidade.
Como é feito o diagnóstico?
Atualmente o diagnóstico é realizado pelos critérios de Rotterdam. A mulher precisa ter pelo menos dois desses três critérios:
· Anovulação crônica: ausência ou irregularidade menstrual (ciclos maiores de 40 dias).
· Hiperandrogeinismo clínico e/ou laboratorial: elevação da testosterona total ou aumento dos pelos pelo corpo (hirsutismo).
· Ovários de aspecto polimicrocísticos no ultrassom endovaginal.
· Outro ponto importante é excluir outras doenças que podem ter sintomas semelhantes aos da SOP, tais como hiperprolactinemia, hiperplasia adrenal congênita forma não clássica, tumores secretores de androgênios e hiper/hipotireoidismo.
Tipos de SOP
Pela sua complexidade e pela diversidade dos sintomas, atualmente sabe-se que existe mais de um tipo de SOP. A fisiopatologia da doença permanece a mesma, mas ela se apresenta de maneira diferente em cada mulher. Os tipos são:
· Tipo A: é o tipo clássico. A mulher apresenta todos sinais e sintomas da SOP, ou seja, ela possui todos os três critérios de Rotterdam.
· Tipo B: a mulher tem irregularidade ou ausência de menstruação e sinais de hiperandrogenismo. O ultrassom está normal, ou seja, os ovários não apresentam aspecto polimicrocístico.
· Tipo C: a mulher tem sinais de hiperandrogenismo e ultrassom com ovários de aspecto polimicrocísticos. O ciclo menstrual é regular.
· Tipo D: a mulher tem irregularidade menstrual e ultrassom com aspecto polimicrocísticos. Ela não possui sinais de hiperandrogenismo
É importante classificar o tipo de SOP para traçar o melhor plano de tratamento e de acompanhamento dos sintomas.
Como a SOP afeta o corpo
A SOP é uma doença crônica e que não tem cura. O tratamento objetiva o controle dos sintomas e a prevenção do surgimento de outras doenças.
A síndrome predispõe à obesidade devido a resistência a insulina característica da doença. Além disso, o próprio ganho de peso pode piorar os sintomas. É um ciclo vicioso no qual a SOP provoca acúmulo de tecido adiposo e este mantém a síndrome.
A obesidade e a resistência à insulina aumentam o risco de diabetes e hipertensão que podem levar á síndrome metabólica. Por isso é tão importante o acompanhamento das mulheres com SOP. Além de tratar os sintomas, é necessário pesar, aferir a pressão arterial e avaliar os níveis glicêmicos e de colesterol de maneira rotineira.
A avaliação dos hábitos de vida também é muito importante durante o acompanhamento. A prática de atividade física e a alimentação balanceada ajudam no controle dos sintomas e na prevenção de doenças.
Outro ponto importante é a fertilidade. A SOP é a maior causa de infertilidade por fator anovulatório em mulheres. Ou seja, mulheres que não engravidam por não ovular. Nem toda mulher portadora da síndrome terá dificuldades de engravidar, mas é necessário fazer o acompanhamento adequado caso exista o desejo de gestação.
Tratamento
O tratamento varia de acordo com o tipo da SOP, os sintomas e os objetivos da mulher. A base está na mudança dos hábitos de vida.
Alguns anticoncepcionais podem melhorar alguns sintomas da doença e proteger o útero naquelas mulheres que não menstruam.
A resistência a insulina e a infertilidade podem ser tratadas com o uso temporário da metformina. Já os sintomas de hiperandrogenismo podem melhorar com o uso de espironolactona.
Cada mulher com SOP vai responder a um tipo de tratamento. Mulheres com o mesmo tipo de SOP podem ter abordagens diferentes. Por isso é necessário o acompanhamento adequado!
Comentários