Março amarelo: conscientização da endometriose
- Dra. Bárbara Costa
- 20 de mar.
- 3 min de leitura

Março também é o mês de conscientização da endometriose: uma doença que afeta cerca de 176 milhões de mulheres no mundo. Só no Brasil são 7 milhões de mulheres portadoras da doença. Isso significa que 1 em cada 10 brasileiras são afetadas.
Apesar de ser uma doença comum, o diagnóstico da endometriose é,na maioria das vezes tardio, levando em média 8 anos. Isso acontece por causa do principal sintoma da doença: DOR.
Os profissionais de saúde e as pessoas que convivem com mulheres não valorizam a queixa da dor feminina. Frases como “toda mulher tem cólica”, “cólicas são normais”, “menstruação é sofrimento mesmo”, dentre várias outras são bastantes comuns. Isso faz com que o diagnóstico e o tratamento sejam tardios. Além disso, o ultrassom transvaginal/endovaginal não faz o diagnóstico da doença.
CAUSA
A endometriose ocorre quando partes do endométrio, tecido mais interno do útero, saem e vão para outros locais como tubas uterinas, ovários, intestino, bexiga, ligamentos, diafragma e parede abdominal. Só que não se sabe ao certo o que provoca esse fluxo.

Como o endométrio é o tecido responsável pela menstruação, ele sangra devido a variação hormonal fisiológica das mulheres. A endometriose provoca dor, pois o endométrio fora do útero sangra dentro da cavidade pélvica. Esse sangramento provoca também uma inflamação constante da região.
SINTOMAS
Como foi mencionado, o principal sintoma da endometriose é a dor, principalmente durante o período menstrual. Muitas vezes, essa dor acompanha a mulher desde a sua primeira menstruação.
Um ponto importante a se destacar é que a dor da endometriose pode aparecer em outras situações, como:
· Ao urinar
· Ao evacuar
· Durante a relação sexual
· Fora do período menstrual
Além disso, a endometriose pode provocar outros sintomas:
· Sensação de inchaço abdominal
· Alteração do hábito intestinal
· Diminuição do desejo sexual
· Ansiedade e depressão
· Infertilidade
A endometriose afeta várias áreas da vida da mulher e causa grande prejuízo na qualidade de vida ao incapacitar a realização de atividades diárias e provocar sofrimento devido os seus sintomas. É muito importante valorizar e investigar a queixa de dor feminina.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é feito através do relato da mulher, do exame físico e de exames de imagens. É necessário perguntar quando os sintomas começaram, relação com o período menstrual, se existem outros sintomas associados e o impacto no dia a dia.
Dependo da localização do foco de endometriose, é possível tocá-lo durante o toque vaginal e anal. O exame físico ajuda muito no diagnóstico. Além disso, pode-se solicitar exames de imagem como a ressonância da pelve ou o ultrassom endovaginal específico para endometriose. É muito importante realizar o exame com um profissional especialista. Não é raro a mulher fazer o exame e retornar com um falso diagnóstico.
TRATAMENTO
O tratamento da endometriose é multifatorial e multidisciplinar. Hábitos de vida saudáveis como prática regular de exercícios físicos e alimentação balanceada são partes essenciais do tratamento, independentemente se a mulher vai realizar o tratamento hormonal ou cirúrgico.
Os anticoncepcionais hormonais são a primeira escolha de tratamento, pois controlam os sintomas e evitam um procedimento cirúrgico. O tipo de anticoncepcional deve ser avaliado individualmente.
A cirurgia é indicada para mulheres que não apresentaram melhora com o tratamento hormonal ou que desejam gestar e não estão conseguindo devido à endometriose. Importante ressaltar que, mesmo após a cirurgia, o tratamento hormonal deve ser considerado para diminuir o risco do retorno dos sintomas.
A fisioterapia pélvica também é uma grande aliada no tratamento da dor e no alívio dos outros sintomas. Ela pode ser feita durante todo o tratamento. Além disso, práticas como yoga, mindfulness e acupuntura também mostraram bons resultados.
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